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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Amor

Muito se falou nele, poucos o sentiram. Quem o conhece não abandona. Quem o busca às vezes jamais encontra. Quando se sente, pode sofrer por ele. Quem convive sabe que está impregnado. Quando não é conhecido, nem sempre sabido. Podemos clamá-lo, exortá-lo. Muitos não chegam a vislumbrá-lo. Mas ele bate à porta, ele se quebra como as ondas, ele nasce como o sol e morre com a luz no cair da tarde. Não poderás guardá-lo em segurança, pois desconhece sua astúcia em desaparecer. Mas saiba que é leve como a pluma e pedra dura que machuca. Não te atormentes em mantê-lo, não podes obtê-lo sem renúncia, não podes senti-lo sem sofreguidão da alma. Não o forces a entrar. Deixe que venha piano, sonolento sem anunciar a que veio. Que fique assim escondido nas entranhas. Que mantenhas longos diálogos de modo que a naturalidade o faça sentir que nunca saiu.

domingo, 22 de agosto de 2010

Cessar de um dia

Acabo de fechar meus olhos, minha mente ainda aberta, segue seu caminho, às vezes controlada, outras sem rumo. Continuo sempre. Assim me vejo, passo a passo na ânsia de estar atento e ao mesmo tempo absorto nos meus pensamentos. Devo prosseguir. Afinal foi pra isso que me deram oxigênio, senão tamanha perda de tempo em respirar! Bem lembrado. Recarrego minhas baterias. Sim, as tenho! E vou neste mergulho. Almejando em meus puros sonhos encontrar o fundo. Que venha logo antes que eu acorde.

sábado, 13 de março de 2010

Inveja

Confesso aqui minha infâmia coragem de me declarar invejoso. Talvez pudesse sair pela tangente mas não consigo. Invejo sim  pessoas que desprendidas de suas luxúrias se dizem apaixonadas, encantadas com seus companheiros/companheiras que sempre, diligente, enxugam suas lágrimas e enroscam-se entre abraços e amassos voluptuosos. Vou me deliciar com estes encantamentos, embora, possa senti-los distantes de minha realidade, a qualquer momento posso acordar e me sentir amado, acalentado novamente.

Novo

Chega o final de semana. Mais um de todos que já passaram. Precisava mudar o modo como enxergo estes dias. Parece que todos são iguais. Mesmo amanhecer, o mesmo passarinho vira-lata ciscando na janela, sem medo de gato que possa afugentá-lo. Saio então da minha cama, como faço habitualmente e me acho por aí. Respiro fundo, mergulho o rosto na água fria e desperto pra vida, que seja bem vivida então! Sair do ócio e mergulhar no novo.

terça-feira, 9 de março de 2010

Te amar

Onde está você, como encontrar você?
Como resgatá-la, como ampará-la em meus braços.
Você que foge como o vento, que me espreita e silencia
Você, como a forma de canção, só me traz recordações
Que meus beijos não te alcançam, que meus gritos não consomem!

Quero agora precipitar-me, buscar o teu abismo
Quero sorver teu ser, me entorpecer no seu perfume!
Quero me encontrar no teu lume!

Quisera ser o único a te embalar
Pra fazer sonhar, acordar e  voltar
No presente te amar!

Reflexo

Certo dia em frente ao espelho deparou-se com um senhor
Este velhinho tentando entender como o tempo passou tão rapidamente.
Como aquelas marcas de expressão que mais pareciam traçados de um rio exaurido que deixou  sulcos na terra, irreversível situação.
Como tudo aquilo poderia  transformá-lo no que  via de momento!
Seus pensamentos então viajavam sobre aquele reflexo levando-o a todas
as angústias, alegrias vividas no decorrer de sua trajetória.
Será que olhando para si poderia encontrar todas a respostas?
Talvez ainda por muito tempo, poderá fixar seu olhar , embora tácito,  sem encontrar uma resposta.
Que tenha o discernimento de não esquecer de viver seu presente... Pois ainda muito lhe resta.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Sua Alegria

Seguir seu rio, cobrir seu leito
Aconchegá-la no meu peito
Talvez sonhara este direito

Que sabe assim num grande dia
Possa rezar à revelia
Para clamar sua alegria

Te ver sorrindo
Te ver cantando
Te ver amando

Entre meus olhos
em tua boca
Te vejo assim
Sempre sonhando!

Saudade

Aquela que entra sem anunciar
Que bate, bate até doer
Que rima com sofreguidão
Insinua-se em meio a escuridão

Quisera não dar guarida
Que no peito não cabe esta tamanha
Que faz chover e entristece o dia
Que n'alma torna-se exaurida!

domingo, 7 de março de 2010

Saber viver - Cora coralina

Saber Viver






Não sei... Se a vida é curta

Ou longa demais pra nós,

Mas sei que nada do que vivemos

Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.



Muitas vezes basta ser:

Colo que acolhe,

Braço que envolve,

Palavra que conforta,

Silêncio que respeita,

Alegria que contagia,

Lágrima que corre,

Olhar que acaricia,

Desejo que sacia,

Amor que promove.



E isso não é coisa de outro mundo,

É o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela

Não seja nem curta,

Nem longa demais,

Mas que seja intensa,

Verdadeira, pura... Enquanto durar

MEMÓRIA - Carlos Drummond de Andrade

Memória


Amar o perdido

deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido

contra o sem sentido

apelo do Não.



As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis

à palma da mão.

Mas as coisas findas,

muito mais que lindas,

essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade

PRECISA-SE DE UM AMIGO - Carlos Drummond de Andrade

PRECISA-SE DE UM AMIGO




Não precisa ser homem, basta ser humano, ter sentimentos.



Não é preciso que seja de primeira mão, nem imprescindível, que seja de segunda mão.



Não é preciso que seja puro, ou todo impuro, mas não deve ser vulgar.



Pode já ter sido enganado ( todos os amigos são enganados).



Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.



Deve gostar de crianças e lastimar aquelas que não puderam nascer.



Deve amar o próximo e respeitar a dor que todos levam consigo.



Tem que gostar de poesia, dos pássaros, do por do sol e do canto dos ventos.



E seu principal objetivo de ser o de ser amigo.



Precisa-se de um amigo que faça a vida valer a pena, não porque a vida é bela, mas por já se ter um amigo.



Precisa-se de um amigo que nos bata no ombro, sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo.



Precisa-se de um amigo para ter-se a consciência de que ainda se vive.



Carlos Drummond de Andrade

Futuro

De tempos em tempos, sentimos que talvez pudéssemos mudar os acontecimentos. Fazer com que o passado retornasse e alguns erros fossem corrigidos. Sentimos a incógnita do futuro na pele. Mas não analisamos que tudo que fizermos no presente pode representar alegrias ou angústias no que vêm pela frente. Portanto, neste exato momento, embora esteja conjecturando sobre o passado e a ausência de algumas ações, posso traçar o que o futuro me mostrará. Cabe a escolha  - sorrir ou lastimar eternamente!

sábado, 6 de março de 2010

O Tempo não para

Já dizia o poeta "O Tempo não para"
Não pára quando olhamos sempre à frente
Não pára quando nossos atos somatizam o desejo de seguir
Não pára quando nossos sonhos nunca cessam
Não pára quando a ânsia de viver sobrepôe as tristezas e nos lança ao destino!
Por favor TEMPO... não vá tão depressa!

Dia Internacional da Mulher

Precisava um dia em especial pra elas?
Tenho certeza que não!
Por que elas não merecem?
Improvável que seja!
Se por ventura ninguém as notassem
Sem sombra de dúvidas que não teríamos
Tantas alegrias, encantamentos e o embalar de nossos sonhos!

Que seja então este dia multiplicado em bilhões
Pra que não sobre sequer segundos
Em que não possamos referendar a alegria do convívio entre ELAS!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Abismos

Sabe-se que o tempo não poupa o corriqueiro. Percebe-se a contento o ecoar da aurora nos horizontes. Dezembros Já não representam finais. É cabido o desterro, o  derramar de lágrimas. Um passo adiante, abismos iminentes. Podemos desviá-los, mas seria necessário?. Quem sabe a queda nos conforta e valida.

Uma poeta eterna

Vou transcrever em homenagem a esta eterna poeta, pois sei admirar aquilo que é singelo e de incomensurável delicadeza.

“Humildade




Senhor, fazei com que eu aceite

minha pobreza tal como sempre foi.



Que não sinta o que não tenho.

Não lamente o que podia ter

e se perdeu por caminhos errados

e nunca mais voltou.



Dai, Senhor, que minha humildade

seja como a chuva desejada

caindo mansa,

longa noite escura

numa terra sedenta

e num telhado velho.



Que eu possa agradecer a Vós,

minha cama estreita,

minhas coisinhas pobres,

minha casa de chão,

pedras e tábuas remontadas.

E ter sempre um feixe de lenha

debaixo do meu fogão de taipa,

e acender, eu mesma,

o fogo alegre da minha casa

na manhã de um novo dia que começa.”
 
Cora Coralina (1889 - 1985)

sábado, 30 de janeiro de 2010

Palavras sábias

Sinto a necessidade de divulgar palavras sabiamente juntadas que nos levam ao encontro de nós mesmos. Desta forma reproduzo aqui um pouco do sábio que é: "Carlos Drummond de Andrade"

"A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca."

"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar."

"O homem vangloria-se de ter imitado o vôo das aves com uma complicação técnica que elas dispensam."

"Os homens distinguem-se pelo que fazem, as mulheres pelo que levam os homens a fazer."

"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."

"Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira."

Carlos Drummond de Andrade


Carlos Drummond de Andrade foi um poeta brasileiro (1902 - 1987), também cronista, contista e tradutor. Entre suas obras de maior destaque, Alguma poesia, Sentimento do mundo e A rosa do povo.

Novo mundo

Como não sentir o mau que causamos.
Se despida de sutilezas se mostra docemente.
Seria provável a estupidez com que tratamos.
Bom seria o revés do não eternamente!

A aurora que nos desperta a fitar os céus,
Cega a retina teimosa em não observar por medo.
Traz a brisa, venta e encanta o dançar dos véus
Mostra-nos o reverso alterando o enredo.

Novo Mundo nos revela, nossa Terra se ausenta
Cada qual em circunstância
Põe a perder o que de novo se apresenta
Inerte encontramos,  mais mortes em abundância.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Calor que nos conforta

Início de noite. Quente tão somente posso descrevê-la. Cai como cortina negra na janela deixando mostrar nuances que o dia tornava obscuro. Busco na escuridão o "medo" que ela nos traz, porém, não a encontro em minha retina. Estou agora dedilhando o teclado e observo como ela nos espreita, faceira, fascinante, convida-nos ao deleite. Torna-se estonteante e singela e cabe certamente nestes adjetivos que alcunho.Negra, linda noite negra.

Certo tempo

De alguma forma forço meus pés neste caminhar...
Se o destino encontrarei não tenho resposta
É sabido que um fim com certeza será apresentado
Provavelmente este fim mostrará o ínicio de um outro caminho ou rumo a seguir.
Então, com tropeços, fadiga ou ansiedade continuarei destemido até que meus pés se juntem definitivamente.

Divagação

Quantos momentos temos para nos concentrar naquilo que fazemos de insano?
Talvez tenhamos inúmeras razões para não pensar...
Quisera saborear o momento da sensatez e digerir tudo que nos torna alienados.
Sempre me pergunto o que deveria fazer para mudar esse destino... Será que existe destino?
Não sei. Talvez o fato de escrever aqui neste blog me faça mudar os rumos de minha consciência... Será que tão somente é uma divagação...
Quem poderá me dizer?!
Houaiss
divagação
• substantivo feminino
ação de divagar, de andar sem rumo
Derivação: por extensão de sentido. percurso com voltas e sinuosidades Ex.: divagações do rio
Derivação: por metáfora. ato ou efeito de divagar, ou seja, sair do tema principal durante uma exposição oral ou escrita; digressão
Derivação: por extensão de sentido. pensamento ou raciocínio caóticos; delírio Ex.: d. de um louco